sábado, 22 de junho de 2013

BH e Salvador

êxtases provisórios na rodoviária. leio um livro do jodorowsky que o gustavo sabiamente me deu e tenho arrepios que vão dos pés a cabeça. sinto muita gratidão. agradeço silenciosamente à coragem, à vida, aos bons acasos. choro de leve e ninguém em volta percebe. perguntam de onde sou, pra onde vou e ganho alguns sorrisos e votos de boa viagem que retribuo alegremente.

durante o dia, em BH, andei pelas ruas do centro, almocei no mercado central aliviada por ter conseguido comprar minha passagem com facilidade, mas ainda sem ter reserva certa em nenhum hotel e um pouco preocupada com a perspectiva de chegar à noite em salvador. mas me deixo andar com tranquilidade pelos corredores. fico muito impressionada com as lojas que vendem animais. há muitas aves engaioladas, até pavões. fico muito tempo os olhando ali, impressionada e angustiada ao mesmo tempo. depois ando nas ruas perto da rodoviária, me aproximo de um aglomerado de manifestantes, mas logo me afasto. passo o dia esperando ser hora do meu embarque, tomando cafés com leite e lendo o livro do jodo.

pego um lotado metrô e vou à outra estação, onde sai meu ônibus. nele, um susto: está lotado, completamente cheio, de homens. fora uma moça acompanhada do marido e uma mãe com um filho, apenas eu. fico um pouco tensa, mas me sento no meu lugar e o ônibus parte. aos poucos, vou me tranquilizando. o ônibus fica em silêncio durante a madrugada e tento dormir. acho que cochilo, ou tenho alguns delírios de vigília sonolenta e quando abro os olhos, tempo depois, já é dia claro.

a paisagem é linda. montanhas cercadas de névoa e, outras vezes, montes ensolarados e um pouco de névoa  condensada em suas reentrâncias. passo o dia vendo a paisagem, descendo em paradas em cidadezinhas inacreditáveis e cochilando. aos poucos, noto que os campos vão ficando áridos, é possível ver vários cactus, bodes e pequenos cabritos soltos pelas planícies: entramos mais fundo no interior da bahia.

depois de 25 horas, chego na tumultuada rodoviária de salvador. sinto uma vertigem, porque não sei bem pra onde ir. mas sigo a intuição de novo, pego um táxi e vou pra um dos hostels que eu tinha selecionado. a escolha se mostrou certa, o hostel é ótimo, acolhedor e muito em conta. estou no quarto coletivo e conheço uma simpática moça carioca, com quem converso um pouco antes de dormir um  ótimo sono.

hoje acordo e volto à rodoviária, que está simplesmente lotada. todos querem ir rumo ao interior por causa das festas de são joão. eu também quero ir e compro uma passagem para a cidade de cruz das almas, saindo na segunda de manhã. depois ligo para algumas pousadas da cidade, mas todas se supervalorizam durante essa época, então fico em dúvida se devo mesmo ir. me atraiu no são joão dessa cidade a famosa guerra de espadas que quero muito ver.  

à tarde, ando pelo pelourinho. vejo o olodum tocar e passeio pelas ruas. mas o clima está meio pesado, o choque todo espalhado por aí e decido não ficar lá até muito tarde. volto de ônibus pra barra, onde estou, com algum esforço, já que o trânsito todo foi alterado por causa do jogo. agora anoto mais opções de pousadas de cruz das almas e cresce em mim o desejo de ir ver uma festa de são joão no interior.


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