quarta-feira, 26 de junho de 2013

olinda e recife

depois de doze horas em um ônibus noturno, chego à rodoviária de recife. a vertigem, ao chegar numa nova cidade, não é mais novidade, mas sempre faz meu coração acelerar. tomo um suco delicioso de alguma fruta do norte, compro minha passagem para a próxima cidade e vou descobrindo o jeito de chegar até meu hostel em olinda.  pego um metrô lotado até a estação recife, depois ônibus até o bairro do carmo. consigo uma vaga num quarto coletivo onde, por enquanto, estou apenas eu. saio para explorar a cidade.

a primeira coisa que quero visitar é o farol de olinda, cenário muitas vezes descrito em avalovara. mas acabo parando para visitar igrejas e um lindo monastério franciscano no caminho até lá. depois vou para a rua do bonfim e sigo pelas ruelas da cidade alta. paro para uma cerveja, converso com pessoas que conheço por ali e acabo a noite vendo uma apresentação de músicas de umbanda tocadas ao vivo com atabaques e voz. um senhor mais velho, por vezes, cantava alguns pontos muito lindos de um jeito muito delicado. me senti sortuda por estar ali. voltei pro hostel pegando uma chuvinha leve da qual não tentei fugir.

hoje fui andar pelas ruas do recife antigo. entre as ruas movimentadas, sob um sol intenso, entrei em mais igrejas, nas quais aprendi a admirar não apenas as arquiteturas e os talhos, mas os pequenos oratórios onde, aqui no nordeste, é comum encontrar peças de cera com formato de partes do corpo, ex votos e muitos, inúmeros, bilhetinhos, enfiados nas frestas dos altares. confissões feitas aos santos preenchem as reentrâncias dos oratórios, onde repousam essas secretas intimidades e seus muitos mistérios.

depois ando no mercado central, onde me sinto impelida a comprar muitas coisas, mas me controlo. lembro que terei que levar tudo nas minhas costas. compro algumas fotos de lampião e maria bonita e alguns folhetos de cordel. vejo um senhor vendendo caranguejos vivos no lado de fora do mercado. a visão dos animais amarrados a pedaços de madeira me hipnotiza. fico um tempo ali vendo aquela estranha dança quase imóvel. depois me rendo ao grandioso mar de olinda e fico por muito tempo encarando o horizonte, com suas promessas de navegações, e deixo o barulho de tudo em voltar inundar o meu silêncio.


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